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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Resenha nº 9 - É Tudo Tão Simples, de Danuza Leão

Já conhecia a Danuza Leão de uma ou outra coluna da Folha de São Paulo e a ligava a textos que falam sobre etiqueta, como recepcionar pessoas. Minha esposa comprou o livro mais recente, o É Tudo Tão Simples, recomendada por alguma colega. Como não deixo livro sem viagem, comecei a folheá-lo.

São bons textos, as crônicas são bem humoradas. Ela fala do mundo feminino, como não podia deixar de ser, mas não somente. Junta o seu olhar de socialite à sua experiência em escrever para nos dar textos deliciosos. Reflexivos, eles falam sobre a vida; Danuza se mostra disposta a não complicar a vida e o livro segue, seguro, por esse caminho. Também há conselhos para homens e mulheres, em questões de vestimenta, o que é ou não de bom tom, qual o melhor jeito de se comportar numa viagem.

Ainda, conselhos úteis para quem deseja se destralhar, a autora nos faz refletir sobre a desnecessidade de se manter prataria cara, ocupando lugar, se não se recebe mais como uma madame.

A situação econômica da colunista mudou; longe, entretanto, de tornar-se amarga ou revoltada contra tudo e contra todos, ela opta – sabiamente – pelo desapego. Alguns trechos:

“Mas a garotada ficou conservadora de novo. Alguns querem festa de 15 anos, e até casamento na igreja. Incrível como as coisas entram na moda, saem e depois voltam. E é incrível o prazer da garotada em enlouquecer os pais.” (página 55)

“Cuidado com os cotovelos: mãos sempre em cima da mesa, a não ser que você tenha um desejo urgente de fazer um carinho na perna de sua amada. Mas que seja rápido e discreto, ninguém precisa ver. E cuidado para que seja a perna dela, e não de outra (aliás, conheço vários romances que começaram assim).” (página 79)

“É mesmo difícil ter alguma noção diante da Mona Lisa, com quinhentas pessoas em volta, todas tirando uma fotinha com o celular. Mais prático comprar um cartão-postal na lojinha do museu. E tem aquela história de um conhecido banqueiro, fóbico. Ao ser perguntado “Mas o sr. não sente saudade de viajar?”. Ele  respondeu: “Meu filho, depois do advento do Google, isso tudo está superado”. Mas ouvi falar que os supervips podem marcar uma visita aos museus de Paris só para eles, às duas ou três da manhã, deve ser divino.” (página 112)

“Nada mais desagradável do que acordar ao lado de um desconhecido de quem não se sabe nem o nome: é sempre melhor acordar em sua própria cama, e sozinha, para não ter que conversar e oferecer um café, cruzes.” (quarta capa)

Enfim, uma leitura leve, com ótimas pitadas de humor, em textos que fluem magnificamente, formando um todo coeso e degustável. Tal é esse É Tudo Tão Simples.

Danuza Leão. É tudo tão simples. Agir Editora, Rio de Janeiro, 2011.192 páginas.

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