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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Notas de Viagem 7: Florença à Vista

Deixamos o circuito Milão-Verona-Pádua-Veneza, por ônibus, em demanda de Florença, ou Firenze, como a chamam os italianos. A paisagem variava bastante, mas sempre bonita; às vezes, campos cultivados a perder de vista; às vezes, matas com grandes árvores. Eu ia repassando mentalmente o que vira naqueles últimos dias.

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imageVerona e Pádua (Padova) são cidades pequenas, mas em todas elas, há o que se ver, em termos de monumentos e pura história. Verona foi grande o bastante para eu me perder  do grupo da excursão. Mantive a calma, abordei um casal de turistas, em inglês, pedi informações (tinha tirado uma foto de algumas estátuas de bronze, do lado externo da Arena di Verona, nosso ponto de encontro) e a mostrei como referência. Simpático, o casal me deixou tirar uma foto do mapa que tinham; agradeci e daí para a frente, orientando-me pela foto do mapa, cheguei ao ponto de encontro sem maiores problemas. Entretanto, perdi a visitação à Casa de Julieta, local onde os amantes e apaixonados de todas as idades ou credos podem deixar sua cartinha de amor. Exatamente como no delicioso filme romântico Cartas para Julieta, estrelado por Amanda Seyfried, Gael García Bernal, Vanessa Redgrave e Franco Nero.

imagePádua é agradável, mas não havia muito movimento turístico lá. É uma cidade voltada mais para a peregrinação. Há uma praça, circundada por um fosso com água e, compondo a paisagem histórica, várias estátuas (algumas precisando de urgente restauração). O ônibus nos aguardava além da muralha que outrora protegia a cidade.

As placas à beira da autovia passavam rápido, mal nos dando tempo de ler o que nelas havia escrito. As estradas são um capítulo à parte: com várias pistas, asfalto perfeito, bem sinalizadas, são uma beleza para quem gosta de dirigir. Alguns dos colegas de viagem dormiam; vida de turista é muito cansativa! Seguindo a política do “máximo no mínimo de tempo”, essas excursões são corridas demais, com pouco tempo para o descanso. É apenas uma constatação, não uma reclamação. Há que se ter pique, e isso eu tinha de sobra.

Florença se anunciava. De novo, acionei meus conhecimentos prévios, já que nos aproximávamos do berço do Renascimento italiano, como de resto, o Renascimento como efeverscente e vigoroso fazer artístico. Mas não só artístico: foi claramente uma mudança de parâmetro no olhar humano sobre todas as coisas.

A guia me tirou de meus devaneios. Não ficaríamos no hotel inicialmente indicado, disse-nos ela,  mas em outro, pertinho do centro histórico florentino. Logo após determinarmos o quarto em que ficaríamos e desarrumarmos as malas, saímos em exploração noturna pelas cercanias do hotel. Ruazinhas estreitas, nas quais quase não cabiam dois carros em paralelo nos convidavam para um passeio. Um pequeno e aconchegante restaurante nos prometia boa pasta e bom vinho. Estávamos cansados e com fome.

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Quantos artistas plásticos, escultores, poetas, filósofos e atores teriam andado por aquelas ruas estreitas? Teriam eles consciência de que mudariam o mundo mais uma vez, com sua visão de “o homem como medida de todas as coisas”? Miguelângelo, Benvenuto Cellini, Dante Alighieri, Leonardo da Vinci, Giotto, Botticelli, Rapahel Sanzio, Donatello… E, mesmo não sendo artistas, o nome dos Médicis, amantes das artes e mecenas de tantos talentos. Todos deixaram, de alguma forma seus nomes ligados a obras florentinas.

É, precisávamos dormir bem para, no dia seguinte, bem cedo, começarmos o nosso périplo cultural. Estava programada uma visita guiada ao museu Michelangelo. Não demorei a dormir, embalado por sonhos cheios de referências renascentistas.

 

(todas as fotos feitas por Cleuber Marques da Silva)

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