John
Green nasceu em Indianapolis, Indiana, nos EUA, em 24 de agosto de 1977. Apenas
3 semanas depois de ele ter nascido, a família se mudou para Orlando, Florida.
Ele frequentou a Lake Highland Preparatory School e depois a Indian Springs
School (esta última serviu como cenário para o seu livro Looking for Alaska – no Brasil, Quem é você, Alaska?). Formou-se
com diploma duplo, em Inglês e Estudos Religiosos pelo Kenyon College, em 2000.
Escreveu também o já citado Looking for Alaska (2005), An Abundance of Katherines – O Teorema
Katherine (2006), Le it Snow: Three Holliday
Romances (com Maureen Johson e Lauren Myracle) – Deixe A Neve Cair (2008), Paper Towns – Cidades de Papel (2008), Will Grayson, Will Grayson – Will e
Will, Um Nome, Um Destino (2010), The
Fault in Our Stars – A Culpa É das Estrelas (2012). É um escritor de
literatura YA (Young-Adult – para Jovens e Adultos) bastante conhecido e
querido de seu público.
John
Green ganhou o Printz Medal e o Printz Honor da American Library Association. É um sucesso não só
junto ao seu público jovem, mas também junto à crítica.
A
narradora é Hazel Grace, quem inicia a história:
“Faltando
pouco para eu completar meu décimo sétimo ano de vida minha mãe resolveu que eu
estava deprimida, provavelmente porque quase nunca saía de casa, passava horas
na cama, lia o mesmo livro várias vezes, raramente comia e dedicava grande
parte do meu abundante tempo livre pensando na morte.” (página 11)
Hazel
é portadora de câncer. Seus pulmões estão afetados e ela é obrigada a permanecer
ligada, por cânulas, ao balão portátil de oxigênio. Participa de um Grupo de
Apoio, no qual vão se destacar alguns personagens. Patrick, que teve o saco
escrotal removido, um menino chamado Isaac; Augustus Waters, de dezessete anos,
portador de um osteossarcoma – câncer nos ossos. Isaac tem câncer nos olhos.
Mas
não só destes personagens vive a história; Mônica é namorada de Isaac,
Kaythlin, amiga de Hazel, o escritor Peter Van Houten, autor do livro que a
protagonista lê com frequência, Uma
aflição imperial; a secretária dele, Lidewij Vliegenthart. O escritor é de
ascendência holandesa. Junte-se a esses personagens a família de Augustus Waters
e o pai e a mãe de Hazel.
O
livro é escrito em uma linguagem bastante apropriada para seu público jovem:
“O
Grupo de Apoio era megadeprimente, óbvio. A reunião acontecia toda quarta-feira
no porão de uma igreja episcopal – uma construção no formato de cruz com
paredes de pedra. Nós nos sentávamos em uma roda bem no meio da cruz: onde os
dois pedaços de madeira um dia se cruzaram, onde esteve o coração de Jesus.
Sabia
disso porque o Patrick, Líder do Grupo de Apoio e o único naquele lugar com
mais de dezoito anos, falava sobre o coração de Jesus todo raio de reunião,
sobre como nós, jovens sobreviventes do câncer, estávamos sentados bem no
sagrado coração de Cristo, e tal.” (página 12)
A
fixação de Hazel Grace Lancaster com o livro Uma aflição imperial faz com que ela vá, em companhia de Augustus
Waters e de sua mãe, viajar para a Holanda, atrás do autor. É que a história do
livro termina sem fechar algumas pontas, sem fornecer à leitora algumas
informações que ela considera muito importantes:
“O
Van Houten suspirou. Depois de mais um gole, disse:
—
Muito bem. Você está curiosa a respeito de quem?
—
A mãe de Anna, o Homem das Tulipas Holandês, Sísifo, o hamster, quer dizer, é só... o que acontece com todo mundo.
O
Van Houten fechou os olhos, inflou as bochechas ao expirar e então olhou para
cima, para as vigas de madeira expostas que se entrecruzavam no teto.
—
O hamster – ele disse, depois de um
tempo. – O hamster é adotado pela
Christine...” (página 173)
Este A Culpa É das Estrelas é constantemente
comparado a outro megassucesso mais antigo, o Love Story – Uma História de Amor, de Jennifer Echols, como nos
lembra matéria da também escritora para o público YA, Paula Pimenta:
“Quando
li Love Story, que conta a história de uma garota que tem leucemia
e também vive uma história de amor, lembro que chorei muito e torci para que o
final fosse diferente do esperado. Em A Culpa é das Estrelas essa
torcida se repete e talvez por isso tantas pessoas se comovam com o livro. Com
um tema real, ele nos sensibiliza, nos faz pensar...” (Veja, A Culpa É do John Green, 05/06/2014)
O
relacionamento de Augustus Waters e Hazel Grace se aprofunda no decorrer da
história. Não há um clima sombrio, mas, como nos lembra o parecer do The New
York Times, transcrito na quarta capa do livro, há
“um
misto de melancolia, doçura, filosofia e diversão. Green nos mostra um amor
verdadeiro... muito mais romântico que qualquer pôr do sol à beira da praia.”
Toda
a situação de sofrimento é vista pelo casal central como “um efeito colateral
de estar morrendo”, numa alusão clara ao sentimento de não se poder contar com
um futuro, sequer um futuro próximo, no caso de um portador terminal de um
câncer.
John
Green poderia facilmente resvalar para o dramalhão lacrimoso e, mesmo assim,
seu sucesso estaria garantido junto ao seu público. Mas – e aí está a mão de um
escritor mais maduro – suas escolhas narrativas caminham para a mensagem da
manutenção da dignidade, mesmo no caso de uma doença terrível. Hazel amadurece
no contato com Augustus, ele também cresce. Uma referência a isso é o Diário de Anne Frank – uma outra
história de superação – pois quando os adolescentes vão à Holanda, atrás do
escritor Peter Van Houten, visitam o memorial da famosa autora.
Van
Houten se revela um ser revoltado, de mal com a vida, buscando o isolamento do
mundo e recusando-se ao trato gentil com as pessoas, em tudo contrastando com a
dignidade e a alegria de viver de Hazel e Waters. O escritor é um ser humano
detestável, nem a própria secretária Lidewij consegue conviver com ele. Imerso
na bebida, parece se alimentar do próprio sofrimento.
Talvez
esteja aí uma das razões para tanta demonstração de apreço dos jovens para com
John Green: ele não menospreza a inteligência dos adolescentes. Outro componente
de sucesso é que ele mantém um canal aberto com o público, através do Youtube.
Os adolescentes, provavelmente, o sentem como alguém do seu próprio mundo,
falando sua própria língua.
É
um livro honesto, para falar o mínimo. Leitura recomendada para os jovens e
para aqueles que não esqueceram terem sido jovens um dia.
GREEN, John. A Culpa é das estrelas. Editora Intrínseca. Rio de Janeiro, RJ: 2012
GREEN, John. A Culpa é das estrelas. Editora Intrínseca. Rio de Janeiro, RJ: 2012
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