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segunda-feira, 14 de março de 2016

Resenha nº 71 - Os Arquivos Secretos do Vaticano, de Sérgio Pereira Couto

Sérgio Pereira Couto, autor deste Os Arquivos Secretos do Vaticano, é jornalista, pesquisador, escritor e fortemente interessado pelos mistérios da história humana. Trabalhou como editor das revistas Ciência Criminal e Discovery Magazine; foi editor-assistente da PC Brasil e Geek!, colaborador das revistas Galileu e Planeta. Ministra cursos e palestras sobre temas e assuntos de seus textos. Um de seus assuntos preferidos é sociedades secretas. É autor de ficção também, já tendo o seu Renascimento resenhado aqui nesse blog.

Os Arquivos Secretos do Vaticano padece de um inconsistência grave, a nosso ver. Já na capa da obra é anunciada uma investigação “da Inquisição à renúncia de Bento XVI, os mistérios e os segredos trancados no maior acervo religioso do mundo”. Entende-se, portanto, que este seria um trabalho a analisar não só os acontecimentos da inquisição até a renúncia de Ratzinger (Bento XVI), como também abordagem dos volumes escondidos nos oitenta e cinco quilômetros de prateleiras abrigados na Biblioteca do Vaticano. Não é exatamente isso o que acontece.

O foco do livro não é mantido; gastam-se muitas páginas na explicação dos possíveis códigos da Bíblia, verdadeiras “chaves interpretativas”. Assim, são objeto de análise a gematria, teomática, o código de Bullinger, a identidade de Madalena, a Sequência Alfabética Equidistante, etc. Pouco se fala sobre os prováveis e numerosos tesouros guardados a quatro chaves naquelas vetustas estantes vaticanas.

Não obstante, existem informações bastante interessantes no livro. Há uma boa descrição do histórico Concílio de Niceia, uma historização das principais correntes heréticas. Sérgio caracteriza a cruzada contra os cátaros, da região francesa do Languedoc, mais precisamente da cidade de Albi (daí os cátaros também serem conhecidos como albigenses) como a primeira cruzada de cristãos contra cristãos.

Também são abordados os achados na região de Nag Hammadi e os escritos das cavernas de Qumran, no Mar Morto, estes últimos guardados no Santuário do Livro do Museu de Israel, em Jerusalém.

Há análises de alguns conteúdos de duas obras literárias famosas (O Nome da Rosa e, como não podia deixar de ser, O Código da Vinci), relacionando estes romances aos mecanismos da Inquisição Medieval, no primeiro, e a questão do evangelho apócrifo de Maria de Magdala (ou Maria Madalena), no segundo.

Em 2ª edição pela Gutenberg, o livro nos deixa certa decepção em relação às promessas feitas. Não que pensássemos encontrar um levantamento completo do todo existente na famosa biblioteca – até porque a entrada de qualquer pessoa é rigidamente controlada pela instituição católica – mas, certamente, esperávamos muito mais.

COUTO, Sérgio Pereira. Os Arquivos Secretos do Vaticano. Editora Gutenberg, 2ª edição. São Paulo, SP: 2013


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